domingo, 29 de agosto de 2010

Olha ela aqui!


O município de Santa Filomena nunca esteve tão vulnerável às drogas quanto agora. São muitos os jovens e adolescentes que se encontram em estado de dependência. O pior de tudo é que os encontros para o consumo dos entorpecentes acontecem sem nenhuma restrição, de forma natural. Enquanto isso, os pais ficam alheios às influências sofridas por seus filhos nas ruas e esquinas da cidade.
A família é a base para a formação do ser humano. Sem ela, as chances de um indivíduo se tornar um cidadão de bem são mínimas. Percebe-se claramente em nosso meio que a participação efetiva dos pais na educação de seus filhos está cada vez menor. Em nossa cidade, é comum nos depararmos com adolescentes circulando pelas ruas até altas horas da noite, sem nenhum adulto por perto, contribuindo para o fácil contato com as drogas. A permissividade e a ausência dos pais é um fator contribuinte para o estreitamento dos laços de amizade dos filhos com os traficantes.
Santa Filomena é uma cidade que ainda não oferece opções de lazer e entretenimento para os jovens. Não existem na cidade praças, parques, cinema, teatro, enfim, lugares que poderiam preencher o tempo do jovem e do adolescente com atividades culturais. Dessa forma, eles ficam expostos a outros prazeres, prejudiciais à saúde. Contudo, é bom lembrar, que mesmo em um lugar pacato como o nosso, é possível sortir o tempo com coisas boas e agradáveis. Basta os jovens se unirem e criarem juntos ambientes de discussão, leitura, ação social, trabalhos voluntários. Como exemplos disso, nós temos: “Os Filhos da Natureza”, “O Grupo de Jovens” da igreja, os encontros religiosos e escolares. Ou seja, se não há opção, vamos fazê-la. Fazer acontecer. Não dá espaço para as drogas.
É preciso também uma interferência maior por parte dos órgãos responsáveis pela segurança. Até então não há um trabalho ativo e organizado para combater as drogas. A população sabe que elas circulam, mas as autoridades demonstram vistas grossas diante da situação. O uso de drogas em Santa Filomena está se transformando em modismo, porque as pessoas envolvidas na distribuição estão impunes, livres para alimentarem seu comércio ilegal com drogas cada vez mais pesadas – há informações de que a cocaína já está substituindo a maconha.
Diante disso, a sociedade filomenense precisa entrar em ação e proteger seus cidadãos desse mal. A droga destrói lares. Destrói vidas. Precisamos nos unir e buscar formas de combatê-las. A família deve estar mais alerta. Os pais devem estar mais firmes diante da rebeldia de seus filhos, nada de deixá-los fazer o que bem entenderem. A sociedade tem que cobrar das autoridades políticas ações voltadas para isso. O poder público pode e deve executar projetos que mudem essa triste realidade. A Biblioteca Municipal e o Telecentro, que serão inaugurados ainda este ano pela Prefeitura Municipal, são algumas das iniciativas que podem ajudar – e muito. O CISEC – Centro de Integração Cultural, um projeto da Paróquia de Santa Filomena – também será outra grande parcela de contribuição. A sociedade filomenense precisa apoiar essas ideias e, além disso, cuidar para que elas sejam de fato assimiladas pela juventude, porque são os jovens e adolescentes as maiores vítimas das drogas em nossa cidade.

Texto: Marcus Vinícius Lira – 29 de agosto de 2010.
Imagem: loucuramental.com

domingo, 15 de agosto de 2010

Três anos de Homenagens ao Vaqueiro.

Em Santa Filomena, durante a festa da Padroeira, a noite do dia 14 é reservada para homenagear os vaqueiros - um personagem muito importante na história do Piauí - principalmente para a história do sul do estado. As primeiras cidades piauienses surgiram a partir das fazendas de gado. A pecuária era a atividade mais comum na época. Nos séculos XVIII e XIX, essa era a principal atividade econômica do estado. O trabalho do vaqueiro era fundamental. Trabalhador livre, enfrentava a dura labuta com o gado diariamente. Como havia muitas pastagens naturais, o gado era criado solto, e, com isso, o vaqueiro passava dias campeando, para manter o gado bem nutrido.

Em Santa Filomena essa atividade ainda é comum. O vaqueiro continua sendo uma figura importante para a sociedade filomenense. Tanto que a noite do dia 14 passou a ser a "Noite dos Vaqueiros". Nesse ano, houve muitas atrações. Logo de madrugada, os fogos anunciava a cavalgada pelas ruas da cidade. Portando trajes que relembra a cultura vaqueira, montados em animaise vestidos na camiseta do evento, os participantes fizeram uma caminhada pelas ruas da cidade. No desfile, se fizeram presentes vaqueiros, pecuaristas, autoridades locais. Todos juntos num só objetivo: o de não permitir que a imgem do vaqueiro se apague da memória dos filomenenses. Houve em seguida um café da manhã coletivo. Durante todo o dia o espaço cultural da igreja foi palco de um forró à moda antiga, com sanfona e músicas à caráter. À noite houve uma bela celebração na igreja e em seguida um grande leilão de bovinos. Além disso, o forró continuou no espaço cultural da igreja até às três da manhã com muita alegria e diversão. O povão marcou presença! Toda a renda adquirida durante todo o evento será doada à Igreja, que no momento está desenvolvendo um projeto social na cidade - a construção do CISEC, um centro de interação social, cujo o objetivo é desenvolver atividades culturais e promover a educação.
O vaqueiro representa bem o povo filomenense. Povo que luta e trabalha. Trabalha muito. Infelizmente essa atividade foi e ainda está sendo desvalorizada. Esses homens que são homenageados enriqueceram muita gente. Distribuíram riqueza, enquanto usufría de uma vida dura, com muito pouco retorno financeiro. Passavam a vida inteira trabalhando praticamente de graça, sem muitos direitos, cuidando do gado alheio. Isso é o retrato da realidade de muitos municípios piauienses, principalmente a dos mais atrasados como Santa Filomena. O vaqueiro representa sim, a luta, o trabalho, a disposição, o lucro, como também representa uma sociedade movida pelos interesses dos grandes latifundiários, donos das terras e do gado que eles cuidavam. Essa cultura de dependência e clientelismo contribuiu para a estagnação política e social de muitos municípios.
Espero que essa homenagem tão oportuna possa também fazer com que a sociedade reflita e busque mudar a maneira de ver o coletivo, o desenvolvimento, a justiça, seguindo o exemplo dos vaqueiros trabalhadores e honestos, mas deixando para trás a cultura de dependência e de apatia diante da realidade. Como dizia o nobre Jair Rodrigues, na música Disparada: "Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar".