quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Temo pela infância

Pessoal, hoje quero deixar registrado neste blog uma de minhas experiências cotidianas que enfrento na minha árdua missão de educar. Desses contratempos pelos quais passamos e que muitas vezes nos incomoda e nos torna impotentes diante de nossa profissão. Estou falando da indisciplina no ambiente escolar que aumenta dia após dia, invenção após invenção. É comum nas salas de aula presenciarmos cenas de falta de respeito por parte das crianças. O que pode está acontecendo com elas? Há algo comprometendo o crescimento saudável dos pequenos?
Eu, além de professor, auxilio os trabalhos de Tia Solange (coordenadora do Alfa e Beto em Santa Filomena) e de Lucília Maia (coordenadora pedagógica da Escola Primavera) junto ao programa de alfabetização do IAB implantado em nosso município. Embora sendo admirador da "pedagogia do sucesso" promovida pelo programa de ensino, sinto que há uma grande barreira entre o ensinar e o aprender - a indisciplina dos alunos. O mau comportamento deles acaba refletindo negativamente nos resultados esperados pelos professores em sala de aula.
Um dia desses, estive substituindo uma professora que se encontrava adoentada. Achei legal a ideia de alfabetizar, ao menos por um dia. Essa tarefa não faz parte do meu cotidiano a anos. Mesmo assim, fui tentar aplicar com os alunos dessa turma a metodologia do IAB. Pois bem, caros leitores, neste dia eu tive uma surpresa. Havia na sala um aluno - este não tem mais que oito anos aparentemente - que podemos classificá-lo como impossível. Sabe... tipo, inacreditável! Não parava quieto um minuto sequer. Quando sentava, nas raras vezes que isso ocorria, nada fazia a não ser dizer coisas sem sentido e rabiscar seus cadernos e os dos coleguinhas de perto. Depois de tanta teimosia... eis que ocorre a mais tristes das cenas que já vivenciei na sala de aula. Ao reclamar pela postura mal educada em que se encontrava, levei uma cusparada na cara. É isso mesmo que você leu. Uma CUSPARADA. Das mais caprichadas e das mais naturais. Uma criança de não mais que oito anos teve uma atitude lastimável. Não tive reação a não ser parar por alguns segundos, para admirar a dimensão do fato. Além de dizer coisas terríveis, ele cuspiu em minha cara, como se junto com a saliva fosse lançada uma carga de ódio que ninguém imaginaria que coubesse dentro daquele cérebro de não mais que oito anos. Eu não entendi. Entristece-me saber que casos assim são comuns nos dias de hoje. Basta lembrar da criança de dez anos que atirou sem dó nem piedade em sua professora e depois disparou contra si mesmo. 
Temo pela infância.


Texto de Marcus Vinicius Lyra
Imagem: direitosdospequenitos.blogspot.com

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